UEMASUL realiza debate sobre patrimônio cultural e influência africana na panelada em Imperatriz
O debate, que aconteceu de forma remota, teve como objetivo discutir as influência africanas no ofício das paneleiras na cidade de Imperatriz
A história do patrimônio cultural e imaterial de Imperatriz foi tema de debate promovido pelo Núcleo de Estudos Africanos e Indígenas (NEAI/CCHSL) da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), nesta sexta-feira (6). Com o título “Reminiscências Africanas em torno da Panelada: das Quitandeiras às Paneleiras em Imperatriz”, o evento, que aconteceu de forma remota, foi coordenado pela professora Maristane de Sousa Rosa Sauimbo, e contou com palestras das professoras Amanda Teixeira, da Universidade Federal do Goiás (UFG), e Vanda Pantoja, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
O evento teve como objetivo discutir a influência africana no ofício das paneleiras na cidade de Imperatriz, seu modo de fazer, elementos religiosos e os aspectos simbólicos atribuídos pela sociedade, de modo a registrar os saberes associados à panelada, bem cultural de natureza imaterial que se constitui como elemento simbólico da identidade imperatrizense.
A professora Amanda Teixeira, da UFG, apresentou seu artigo “Joalheria de Crioulas: Subversão e poder no Brasil colonial“. Nele, Amanda destacou o uso de joias por mulheres escravizadas e como essa influência é vista na atualidade. “É importante lembrar que essas mulheres que chegaram pelo tráfico negreiro aqui no Brasil conseguiram materializar e fazer circular esse símbolo de resistência ao regime escravocrata. Elas traziam consigo toda uma carga de saberes que foram gradualmente mesclados e absorvidos, possibilitando assim a criação destas joias, vistas até hoje no mercado sem o seu devido valor”.
Relatando sua experiência com o tombamento do Arquipélago de Marajó como patrimônio cultural, a professora Vanda Pantoja, da UFMA, explicou que é preciso aproximar os aspectos culturais da sociedade. “Patrimônio cultural é um conjunto de coisas tangíveis e intangíveis que estão relacionadas ao nosso cotidiano quase sempre. Pela tradição da ciência moderna, em um vício acadêmico, acostumou-se a pensar que o patrimônio não estivesse tão próximo. Então, aquela comida, aquele santo que a gente cultua, são patrimônios culturais”, explicou Vanda.
A coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos e Indígenas (NEAI/CCHSL), professora Maristane de Sousa Rosa Sauimbo, ressaltou a importância do momento para os acadêmicos. “É importante conhecer a história para saber a origem da nossa panelada. A simbologia, o formato de fazer, como fazer. Esse prato tão tradicional nos remete à nossa cultura que veio da África. O ofício das paneleiras tem muito da africanidade, assim como nosso falar, nossa religiosidade, povoados de africanidade”, finalizou.
Carta Patrimonial de Imperatriz
Ao final do evento, foi apresentada a “Carta Patrimonial de Imperatriz”, documento que registra os bens patrimoniais histórico, artístico e cultural da cidade, resultante do II Simpósio de Educação Patrimonial da Região Tocantina: História e Memória Afro-Indígena, realizado pelo NEAI/UEMASUL, de 20 a 22 de maio de 2019, na UEMASUL. Dentre as proposições da Carta, destacam-se a criação da Casa de História e Memória Afro-Indígena de Imperatriz, o Museu de Arte Sacra de Imperatriz e o Museu Histórico de Imperatriz.
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