Literatura indígena: resistência e reconhecimento
O evento destacou a importância dessas narrativas e debates sobre o papel dos povos indígenas não apenas na literatura, mas, em outros campos do conhecimento
A literatura indígena representa uma forma de expressão e resistência das comunidades originárias, há muito tempo silenciadas e invisibilizadas pela sociedade dominante. O II Encontro de Literatura indígena: cultura, educação e vivências, realizado no campus Açailândia, destacou a importância dessas narrativas e debates sobre o papel dos povos indígenas, não apenas na literatura, mas, em outros campos do conhecimento.
De acordo com dados do censo demográfico de 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil abriga 274 línguas indígenas e 305 diferentes etnias. “Cada uma delas possui uma língua própria, uma cosmovisão única e uma rica tradição oral que transmite conhecimentos históricos e valores de geração em geração. Uma das primeiras coisas quando temos acesso à literatura indígena é que realmente compreendemos a diversidade que nós temos dentro do nosso próprio país e a riqueza que os povos indígenas têm para oferecer”, afirmou a professora Rosimar Locatelli.
A literatura indígena vai além das narrativas escritas, representando um universo de histórias transmitidas oralmente, de poemas e cânticos que atravessam gerações. Essas expressões culturais estão intrinsecamente ligadas às tradições e à percepção de mundo dos povos originários, refletindo a relação entre seres humanos, natureza e espíritos ancestrais.
A chefe de divisão etnológica do Museu CPAHT, Aline Guajajara destacou a importância da literatura indígena. “A literatura indígena é essencial para compreender os modos de vida, organização social e política desses povos. No entanto, essa temática é frequentemente negligenciada nos currículos escolares. Trazer essa discussão para o ambiente acadêmico é relevante, pois é um espaço de compartilhamento de saberes que oportuniza a visibilização, respeito e valorização da diversidade étnica e cultural dos povos originários”.
As narrativas indígenas não só permitem uma conexão com uma herança cultural enraizada na relação com a natureza e o cosmos, mas também enriquecem a formação pessoal e profissional dos acadêmicos. “É uma temática de grande importância e enriquecedora, pois permite conhecer mais sobre a literatura indígena por meio de saberes e troca de ideias. Além disso, podemos observar as pesquisas feitas pelos alunos e colaborar com a minha pesquisa na área. É muito importante que os acadêmicos tenham essa vivência com eventos científicos, sobretudo com temáticas que ainda hoje são vistas com muito preconceito, então acredito que o evento traz experiências tanto para a formação profissional como pessoal”, relatou a acadêmica do curso de História, Cleydimara Felix.
Valorizar a literatura indígena não é apenas uma questão de justiça cultural e histórica; é uma oportunidade de aprendizado mútuo e enriquecimento cultural. É reconhecer e celebrar as vozes ancestrais que ecoam através dos tempos, oferecendo uma visão autêntica e singular do mundo, e conectando-nos com uma parte fundamental de nossa própria humanidade e identidade coletiva.
Texto: estagiária Débora Maia, com orientações da jornalista Mari Marconccine.
Fotos: Ascom/UEMASUL
Assessoria de Comunicação/UEMASUL
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