Registrar a reconstrução da História é uma tarefa complexa. Complexa porque a linha do tempo, ilustrativamente pedagógica, contrasta com a não linearidade da História. Complexa porque a multivariabilidade e a interseccionalidade dos fatos e fenômenos históricos requerem uma escafândrica análise também multidimensional e interconectada. E claro, aliado a esse amplo espectro causal para encorpar a complexidade da tarefa, há, venturosamente, a inegável, desejável e argumentativa memória afetiva do sujeito que realiza a poiesis de reconstruí-la, narrá-la e/ou registrá-la.

E o escrevo com o mesmo semiótico entusiasmo presente desde o dia 27 de setembro de 2016, com a intensa produção estratégica de relatórios técnicos, com indicadores acadêmicos e contra-argumentações – sim havia como tudo que é novo, inovador, grandes resistências –, para a tática da defesa, precisa e acurada, feita pelo Deputado Estadual Professor Marco Aurélio, relator na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão do Projeto de Lei do Governador Flávio Dino criando a UEMASUL enviado naquela data, e que culminou com a aprovação por unanimidade dos 32 deputados presentes à histórica sessão do dia 26 de outubro. Para a Região Tocantina, para o Ensino Superior do Maranhão, e do Brasil.

Memorável para a eternidade no calendário dos afetos o ato em que o Professor e Governador Flávio Dino dividiu o protagonismo com a academia assinando a Lei de criação da UEMASUL, no hoje estacionamento da Universidade, no dia 1º de novembro de 2016.

Quatro anos de existência que no imaginário cultural são as bodas de flores e frutos, para nós da UEMASUL é a exata proporção primaveril e fecunda do caminho de consolidação da UEMASUL como a universidade regional por excelência do Maranhão.

No inédito e intenso reitorado pró-tempore da professora Elizabeth Nunes Fernandes em 2017, dois marcos estratégicos, constructos de um trabalho coletivo, arrojado e compromissado de toda a comunidade acadêmica, mobilizaram toda a nossa potência na jornada a ser percorrida ao longo do primeiro quinquênio: o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI 2017-2021, aprovado pela Resolução nº 12/2017-CONSUN/UEMASUL, de 22 de julho; e o Credenciamento da UEMASUL pela Resolução nº 211/2017, de 14 de dezembro, do Conselho Estadual de Educação – CEE/MA.

Muito mais do que exigências da formalização acadêmica inerente e decorrente das responsabilidades da autonomia universitária, esses marcos constituem nossa carta de navegação no mar da história a que nos propusemos velejar tendo a Ciência como nosso porto de saída, parafraseando Vladimir Maiakovski e Karl Popper. A partir deles tem tido o protagonismo e elevado espírito acadêmico, o Conselho Universitário da UEMASUL, com todos os representantes acadêmicos e transacadêmicos, ao, no debate dialético, construir e aprovar as bases táticas e operacionais da gestão universitária.

Construímos nossos documentos regulatórios nas competências do ensino superior: ensino, pesquisa, extensão e inovação. Programas de Bolsas que fomentam e estimulam anualmente algumas centenas de nossos e nossas quase 2.800 discentes, e que associados aos nossos programas de assistência estudantil, configura-nos como uma das pouquíssimas IES no país que possuem programas de bolsas que contemplam mais de 10% de seu alunado. Não é pouca coisa!

Credenciamo-nos e aprovamos projetos em programas nacionais da CAPES de formação de docentes e de residência pedagógica. Assim como em programas internacionais com a colaboração daquela coordenadoria. Integramos desde sua fundação, e única IES do Maranhão, o Observatório Tecnologia na Escola-OTec, iniciativa do BNDES coordenada pela FGV. Somos protagonistas nas edições da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Temos consolidado nossa presença em eventos acadêmicos e culturais nacionais e internacionais. Entregamos ao Vaticano no Sínodo da Amazônia em 2019, nossa defesa da Amazônia, intransigente crítica ao modo predatório do capital na região, e o compromisso com seus povos originários.

Fato incomum na história acadêmica do Maranhão e de estados do norte nordeste do país, conseguimos no terceiro ano de existência aprovar junto à CAPES, e iniciar ainda em 2019, nosso primeiro programa de pós-graduação stricto sensu, PPGLe, que se inicia com o Mestrado Profissional em Letras. Nesta semana já iniciam as atividades da segunda turma. Também tivemos aprovado e devidamente registrado junto à CAPES, agora em 2020, um Programa de Doutoramento Interinstitucional em Ciência e Tecnologia Ambiental, acordado com a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, IES filantrópica de Santa Catarina, cujas atividades também se iniciam agora no início de novembro.

Tivemos aprovados por nossos docentes ao longo dessa quadra de anos, dezenas de projetos de pesquisa nos diversos programas e editais da nossa Fundação de Amparo ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, FAPEMA.

A Criação e aprovação pelo CONSUN e CEE/MA de um programa de formação de 800 professoras e professores, o Caminhos do Sertão, a funcionar em unidades avançadas, de modo descentralizado dos nossos atuais campi, Imperatriz, Açailândia e Estreito, ratificam o compromisso com o Plano Estadual de Educação naquilo que é competência do Ensino Superior Maranhense.

Com investimentos públicos nesses 46 meses que totalizam aproximadamente 164 milhões de reais, a UEMASUL disponibilizou desse montante 97 milhões para recursos humanos, salários e previdência, sobretudo com docentes efetivos, onde tivemos nesse período cerca de 30 nomeações de novos docentes/pesquisadores(as) no nosso quadro efetivo, ampliado para quase 140 membros.

Já investimos ao longo da nossa história algumas dezenas de milhões de reais em construção de campus, equipamentos de laboratórios, acervo bibliográfico e equipamentos administrativos. Precisamos entretanto ainda de mais recursos para ampliar e adequar nossas estruturas acadêmicas e administrativas face o represamento de investimentos ao longo dos anos de décadas recentes passadas e nossas prioridades.

Em reunião ampliada do Conselho Universitário do Maranhão – CONUNI ocorrida em 4 de setembro, que discutia estratégias para a criação do Marco Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, propusemos e aprovamos a inclusão na Emenda Constitucional a ser apresentada à ALEMA, a alteração do artigo 272 da CE, inscrevendo nossa UEMASUL na nossa Carta Estadual! Muito para além da importância semiótica, histórica e institucional, já por si eloquentes, os desdobramentos na esfera da Gestão Universitária fincam o nosso compromisso intergeracional com o futuro.

Na pandemia, como nas demais IES públicas, pusemos o direito inalienável à vida como farol das nossas ações. Suspensão de aulas presenciais, escutas públicas com a comunidade acadêmica, auxílio digital para docentes e discentes, debates amplos e dialéticos sobre o ensino mediado por tecnologias digitais de informação e comunicação, atividades de proteção aos nossos servidores técnico-administrativos, dentre outas atividades tem marcado esse período, que dada sua complexidade, será objeto de outro próximo registro.

Em uma conjuntura em que a institucionalidade democrática, a educação, a saúde, a vida e a res publica são forçosamente desconstruídas como projeto nacional, essas nossas ações se esteiam no pensamento-ação que sempre nos ensinarão Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira sobre Esperança, Revolução, Democracia, Educação, Amor e Coragem.

Sobretudo, universalizar as oportunidades para o florescimento e frutificação dos talentos da juventude maranhense para a construção de uma base intelectual que permita sua emancipação como um processo constante em cada caminhada, tem sido o grande feito e o grande legado desse reitorado da professora Elizabeth. Sigamos na senda iluminada da educação como emancipação de cada um e dos povos!