“O maior orgulho da minha vida foi me chamarem de universitário”, comenta Ernani
Aos 84 anos e graduado em História e Matemática, o senhor Ernani está a caminho da terceira graduação, agora em Física pela UEMASUL.
Ernani Borges Ferreira, pipoqueiro e licenciado em História e Matemática. Foto: Ascom/UEMASUL.O senhor Ernani Borges Ferreira também conhecido como “Pipoqueiro”, aos 83 anos de idade possui duas graduações. Ele vem ao nosso encontro empolgado, caminhando pelos corredores da UEMASUL trazendo uma pasta debaixo do braço. Dentro dela o seu mais novo diploma de graduação, dessa vez em História. O diploma, segundo ele, receberá uma moldura e será pendurado ao lado do seu outro diploma de graduação, em Matemática. Nascido na Paraíba, aos 16 anos Ernani mudou-se junto com a família para o estado do Paraná e passou a trabalhar nas lavouras de café. Tinha um grande desejo de estudar, mas sua condição financeira não permitia. Tentou também a vida em São Paulo, mas como precisava trabalhar, não tinha tempo para cursar o ensino regular.
– Como foi sua vida escolar?
Aos 30 anos, durante a ditadura militar, consegui terminar o supletivo, criado para pessoas com pouco estudo. Em 1971, vim para Imperatriz junto com meus pais. Mantendo firme meu desejo de estudar, logo procurei uma escola. Cursei a sétima e oitava séries, mas por conta de problemas na documentação da escola, não consegui o diploma. Por falta de emprego fui trabalhar nos garimpos de Serra Pelada, do Amazonas e na Guiana Francesa, ficando 12 anos por lá e a única coisa que eu ganhei foi malária, aí quando percebi que lá não tinha futuro, vim embora pra Imperatriz de novo.
– E como foi seu retorno para Imperatriz?
Voltando para Imperatriz, passei a trabalhar vendendo pipoca na frente da escola Técnica Amaral Raposo. Eu moro no bairro Bom Sucesso, e vinha empurrando meu carro de pipoca por 6 km. Ainda tinha vontade de fazer um curso superior, mas não havia concluído o ensino médio. Tentei cursar um supletivo, mas não havia mais vagas. Surgiu então uma oportunidade de fazer uma prova que daria aos aprovados o certificado do ensino médio, e foi aí que consegui meu diploma e pude enfim fazer a prova do vestibular. Na segunda tentativa, em 2002, passei para o curso de Matemática.
– Fale um pouco sobre sua vida acadêmica.
Nunca pensei que eu, um peão velho que não sabia de nada ia passar num vestibular, e por incrível que pareça eu passei em 27º de 40 vagas, aí fiz Matemática na UEMA. Durante os quatro anos do curso, eu faltei apenas uma vez, porque teve um alagamento no bairro que inundou a minha casa. São 6 km da minha casa pra cá, todo dia ida e volta, 12 km. Com 625 dias de aula dá mais ou menos 7500 km que eu fazia de bicicleta para poder me formar. Me saí muito bem, apresentei o TCC e tirei 10.
Em 2014, fui aprovado no curso de História, na UEMASUL. Eu já comecei perdendo algumas aulas por problemas de saúde, mas graças a Deus consegui colar grau, e já tô me preparando pra fazer vestibular de novo. Nesse curso de História, já na UEMASUL, eu achei muito melhor. Tudo bem pintadinho, organizado, achei bom demais. Agora eu tô de volta, desta vez pra fazer fazer o curso de Física.
Texto: Mari Marconccine
Fotos: Ascom/UEMASUL.
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