Professor da UEMASUL visita memoriais do holocausto nos países Alemanha e Polônia
O intercâmbio artístico reflete sobre a desmonumentalização da ditadura brasileira
As terríveis marcas produzidas pelo nazismo são de conhecimento público, assim como suas consequências para o mundo. O estudo da memória é um fator inegável para que sejam fixados limites e respeito aos Direitos Humanos, assim como a não repetição de regimes autoritários. Na Alemanha e na Polônia existem importantes museus e memoriais como o Museu do Holocausto, em Berlim, o Espaço de Memória do Campo de Concentração Dachau, em Munique, e o Museu Auschwitz-Birkenau, em Oswiecim. Espaços como esses foram construídos com décadas de luta para que a memória pudesse ser ressignificada.
Esses são os espaços que o professor Alexandre de Albuquerque Mourão, coordenador do Grupo de Pesquisa Paralaxe da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) e do Coletivo Aparecidos Políticos, visita durante o intercâmbio “Desmonumentalização da Ditadura Brasileira: um intercâmbio artístico a partir da memória do holocausto”. O projeto do intercâmbio foi um entre os 47 selecionados dentro de um universo de quase 3.600 projetos inscritos durante edital da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
“Em um contexto de irrupções da extrema-direita em todo mundo, para nosso Coletivo é importante conhecer de que modo países como Alemanha e Polônia, que trabalharam tanto questões de memória social relacionada ao nazismo para uma não repetição, tem lidado com esses eventos contemporâneos que desafiam nossos tempos. A partir de uma visita aos campos de Concentração de Auschwitz, Dachau e o Memorial do Holocausto, e também, de um intercâmbio com a artista alemã Christiane Mudra, pretendemos trazer para nosso país o debate sobre a desmonumentalização”, afirma Alexandre Mourão, integrante do Coletivo.
A viagem de 15 dias acontece em parceria com a artista e diretora alemã Christiane Mudra, que investiga extremismo de direita e a história alemã. Ela foi uma observadora do julgamento da National Socialist Underground (NSU) na Alemanha, contra pessoas com ligação com organização terrorista de extrema direita.
“A ‘cultura da lembrança’ alemã é vista internacionalmente como um modelo a ser seguido. Menos conhecida, entretanto, é a extensão do silêncio e da repressão em torno dos crimes nazistas a partir do final da guerra. A acusação dos criminosos nazistas foi sabotada em muitos casos após os julgamentos de Nuremberg. A comemoração do Holocausto permaneceu controversa até a década de 1980. O debate de longa data sobre o memorial do holocausto em Berlim, inaugurado apenas em 2005, é apenas um dos muitos exemplos. Em vista da ascensão de movimentos fascistas em todo o mundo, o objetivo do intercâmbio é discutir formatos contemporâneos de comunicação da história para combater os desafios antidemocráticos do presente e do futuro”, afirma a pesquisadora Christiane Mudra.
Durante o intercâmbio será produzido um diário de bordo, que poderá ser acompanhado em parte no perfil do Coletivo nas redes sociais (@aparecidospoliticos). Além disso, o professor e seu grupo produzirão o conceito de uma obra artística e um relatório de ideias para o novo projeto artístico e museográfico.